quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Bolsa fecha 2008 com o pior desempenho em 14 anos

O ano de 2008 não vai deixar saudades, principalmente para quem tinha suas economias investida na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A bolsa termina 2008 registrando o pior desempenho desde 1994 - último dado fornecido pela BM&FBovespa. Desde então, a marca mais negativa havia sido verificada em 1998 quando o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) registrou queda de 33,4%, aos 6.784 pontos, e interrompendo a seqüência de cinco anos consecutivos de valorização expressiva.
O Ibovespa fechou hoje, último dia de negócios do ano, com alta de 1,32%, aos 37.550,31 pontos. No mês, o índice paulista conseguiu encerrar no azul (+2,61%), mas no ano o declínio foi de 41,22%. O giro financeiro ficou em R$ 2,61 bilhões. Nesta 3ª feira (30), a Bovespa acompanhou de perto o movimento das bolsas de Nova York que foram beneficiadas com a notícia de que o governo norte-americano vai liberar US$ 6 bilhões à GMAC Financial Services, braço financeiro da General Motors. Outra notícia boa, foi o índice dos gerentes de compras de Chicago que mostrou leve melhora em dezembro. O índice subiu a 34,1, superando os 33 previstos e acima dos 33,8 registrados em novembro.
Mas o dado ainda indica contração na atividade econômica, pois segue abaixo do nível de 50. Por outro lado, a confiança do consumidor continua mostrando deterioração, contrariando as expectativas de recuperação, e o novo declínio dos preços dos imóveis residenciais contribuíram para limitar os ganhos em Nova York. Às 18h26, o Dow Jones subia 1,36%, Nasdaq +1,74% e S&P +1,49%.
Para 2009, os analistas esperam um cenário mais positivo, no entanto, esta perspectiva só deve começar a se mostrar a partir de meados do segundo semestre. "Para o primeiro semestre a expectativa ainda é de perda e de volatilidade acentuada", diz um profissional, ressaltando que a reação positiva só deve começar a aparecer quando as medidas tomadas este ano para enfrentar a crise financeira, principalmente nos EUA, começarem a surtir efeito.
Além das ações adotadas até agora, o profissional não descarta mais iniciativas do novo presidente dos EUA, Barack Obama, que assume o comando do país em 20 de janeiro. "O mercado espera que Obama solte algo coerente que faça o mercado se ajustar e reagir", comenta, ressaltando que "para 2009 a expectativa é positiva, mas vamos ver se não vai ter nada para frustrar no meio do caminho, como aconteceu este ano", disse.
Já um outro operador acredita que a Bolsa já pode começar a reagir a partir do início do segundo trimestre, após as empresas soltarem os balanços referentes a 2008. "Esta reação tanto pode ser positiva quanto negativa, tudo vai depender dos números das empresas", disse, reforçando ainda que acredita em um 2009 mais tranqüilo e aposta que a Bovespa pode chegar ao final do ano que vem acima dos 50 mil pontos. "Isso (50 mil pontos) significa uma valorização de mais de 32% sobre este ano, é algo bastante relevante, mas ainda não zera as perdas de 2008".
As ações da Vale, que chegaram a tocar o terreno negativo pela manhã iniciaram a tarde em alta e se mantiveram neste terreno até o fechamento. Vale PNA terminou com ganho de 0,38%, a R$ 23,89 e ON + 2,40%, a R$ 27,69. Petrobras, outra blue chips, também fechou no azul: PN (+1,42%) e ON (+1,48%). No mês, Petrobras PN acumula valorização de 18% e no ano queda de 46,11% e ON +19,30% e -45,74%. Já as ações PNA da Vale não tiveram a mesma "sorte" e encerraram e mês e o ano em queda de -2,53% e -51,13%, e as ON +0,58% e -51,72%, respectivamente.
As ações das companhias aéreas que ontem fecharam no vermelho em razão do avanço do petróleo no mercado internacional, hoje terminaram com valorização. Embraer ON (+0,69%), TAM PN (+4,66%) Já a Gol PN não se sustentou e fechou com queda de 2,27%. Além do declínio da commodity - petróleo para fevereiro fechou com queda de 2,47%, a US$ 39,03 -,outra notícia favorável para o setor foi a queda no preço do querosene de aviação.
Segundo o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), o QAV vai recuar 16,76% a partir de 1º de janeiro. O preço do combustível dos aviões é reajustado mensalmente pela Petrobras e em 2008 acumulou queda de 3,71%. Do lado negativo, os papéis PN da Brasil Telecom lideraram a queda do índice (-3,17%), seguidos de Celesc PNB (-2,76%) e Eletropaulo PNB (-2,63%).
Na Bolsa, não chegou a fazer preço a queda de 11% registrada pelo índice de confiança da indústria brasileira, calculado pela FGV, entre novembro e dezembro, atingindo o pior nível em 10 anos. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) também teve uma queda acentuada, passando de 84,0% em novembro para 79,9% neste mês. Os números da FGV sinalizam ritmo mais fraco da produção e retração de consumo doméstico, o que aumentou ainda mais a expectativa de corte de juro na reunião do Copom de janeiro, dias 20 e 21. Ainda pela manhã, saiu a terceira prévia do Ibovespa para a carteira válida de janeiro a abril, confirmando a alteração entre os cinco papéis de maior peso dentro do índice.

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