domingo, 9 de agosto de 2009

JEAN-PAUL SARTRE


Vida.
Jean-Paul Sartre, novelista francês, teatrólogo, e maior intelectual do Existencialismo, - filosofia que proclama a total liberdade do ser humano. Foi premiado com o Nobel de literatura de 1964, que desconsiderou.

Período da II Grande Guerra. Na primeira fase da guerra mundial Sartre serviu como meteorologista na Lorena, 1940. Caiu prisioneiro quando Hitler invadiu a França, e foi encerrado no campo de concentração de Trier (Treves), na Alemanha ocidental, cidade junto à fronteira com Luxemburgo que foi berço de Karl Marx. No período de sua prisão Sartre escreveu uma peça de teatro que depois não quis contar entre os títulos de suas obras, alegando que fora um trabalho dentro de um contexto particular, e que a havia escrito apenas para levantar o ânimo de seus companheiros de infortúnio. É uma peça natalina, representada pelos prisioneiros no Natal de 1940, e publicada 30 anos mais tarde com o título Bariona, ou Le fils du tonnerre ( "Bariona, ou O filho do trovão").
O drama, de inspiração religiosa, fala de Jesus e de Maria, Sua mãe, que "Trouxe-o no ventre durante nove meses, oferecer-Ihe-á o seio e o seu leite se tornará o sangue de Deus". Foi solto por razões médicas (por um alegado problema de visão) um ano mais tarde, na primavera de 1941. Em liberdade, voltou ao Liceu de Neuilly, passando depois a lecionar no Liceu Condorcet e no Liceu Pasteur, em Paris. Fundou então o grupo Socialismo e Liberdade a fim de atuar junto à Resistência. O grupo produziu panfletos clandestinos contra a ocupação alemã e contra os colaboracionistas franceses.
Existir no sentido etimológico, é "sair de". "Por exemplo, - diz Sartre em "A Nausea" -, eu me sinto triste; mas tomar consciência de meu desgosto é colocá-lo como um objeto a distancia de mim. Pois o eu que diz 'estou triste' não é mais, de modo algum, o eu que está triste. Assim o homem está por sua consciência, sempre além de si mesmo. Eis o sentido do 'ex-istencialismo'."
As filosofias existencialistas aparecem sob diversas formas, sendo que a divisão mais radical é entre o ponto de vista religioso e o ateu. Sartre é o fundador e principal pensador dessa última corrente.
O nada. A influência do idealista G. W. F. Hegel em Sartre torna-se aparente quando o filósofo tenta interpretar tudo pelo método dialético, isto é, através de uma tensão de opostos. A dialética do "ser-um-com-o-outro" do homem é central: ver e ser visto corresponde a dominar e a ser dominado. Ser e não ser, como em "O Ser e o Nada" é outro exemplo dessa influência hegeliana, em que o confronto é entre a consciência e o seu objeto..

O homem.
Como seres conscientes estamos sempre querendo preencher o "nada" que é a essência do nosso ser consciente; queremos nos transformar em coisas em vez de permanecer perpetuamente num estado em que as possibilidades estão sempre irrealizadas.
É o principal postulado do existencialismo sartreano que não há afirmações gerais verdadeiras sobre o que os homens devem ser.
Sartre leva esse indeterminismo às suas mais radicais conseqüências; nega que haja uma natureza humana: não há nenhuma coisa como uma natureza humana que seja comum a todos os seres humanos; nenhuma coisa como uma essência específica que defina o que seja ser humano existe!. Por exemplo, para Aristóteles, e os filósofos gregos, a essência de ser humano era ser racional. Mas para Sartre, a pessoa deve produzir sua própria essência, porque nenhum Deus criou seres humanos de acordo com um conceito, um projeto divino definido. - você é o que você faz de você mesmo.

Ética.
Sartre acredita na capacidade de todo indivíduo de escolher as suas atitudes, objetivos, valores e formas de vida. É uma ilusão a crença de que os valores existem objetivamente no mundo, em vez de serem criados apenas pela escolha humana. Recomenda honestidade, ou seja, que façamos nossas escolhas individuais com plena consciência de que são autenticamente nossas e nada as determina por nós.
Parece assim que Sartre, a partir das próprias premissas, teria que elogiar o homem que escolhe devotar a vida à exterminação dos judeus, contanto que ele escolha isso com plena consciência do que está fazendo. Porém, paradoxalmente, a "sinceridade" que iria contrapor-se à má fé, não é inteiramente possível. O ideal de sinceridade completa parece condenado ao fracasso por dois motivos. Primeiro, uma vez que não podemos ser simplesmente objetos observados e corretamente descritos, não podemos ser considerados, nem por nós mesmos, como honestos.
Segundo, por que se é sincero no mal. Assim sendo, o único valor fundamental e universal para o existencialismo é a liberdade. Diz Sartre "Não pode haver uma justificativa objetiva para qualquer outro valor". A única recomendação positiva que Sartre pode fazer é que deveríamos evitar a má fé e procurar fazer escolhas autênticas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário