domingo, 23 de agosto de 2009

Rússia nova, rival antiga


O fim da URSS em 1991 e o desmantelamento do aparato militar sustentado por ela fizeram o mundo pensar que viveria uma nova era, dominado apenas e, exclusivamente pelo capitalismo comandado pelos Estados Unidos da América. Sem um rival a altura dos EUA e de sua principal representação militar, OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), era esperado uma nova postura da política norteamericana em relação ao contexto geopolítico. Uma dessas posturas seria a decisão de encerrar a OTAN que já não tinha mais o inimigo mortal vivo, o Pacto de Varsóvia. O que se viu com o fim da URSS foi à ampliação do domínio norteamericano alcançando antigos satélites de Moscou e chegando perigosamente as portas de suas fronteiras. Mesmo nos tempos mais ferrenhos a URSS, apesar de estar sempre atenta a qualquer deslize de seus satélites, sempre teve problemas com países por ela influenciados. Mesmo a ex-Iuguslavia sempre foi rebelde as ordens de Moscou e seu exercito era treinado para receber ataques tanto da OTAN quanto do Exercito Soviético. O cenário de hoje, continua sendo muito perigoso para Moscou.A OTAN esta longe de acabar, uma das desculpas sustentada por algum tempo era justamente a Iugoslávia e sua guerra fratricida ameaçando a Europa e a OTAN foi decisiva nesta questão, realizou um maciço ataque aéreo que durou 78 dias e praticamente decretou a independência de Kosovo da Servia (até então ainda era Iuguslavia, mas fazia parte da Servia). Hoje, não temos a Iugoslavia e nenhum conflito na Europa. A razão da OTAN existir só mostra o quanto os EUA e seus aliados europeus querem acabar com a Rússia. A Rússia não é mais Comunista, não lidera nenhum bloco militar contra os interesses norteamericanos, não patrocina o terrorismo, pelo contrario a Rússia sofre o mesmo problema enfrentando pelo mundo com os rebeldes fundamentalistas chechenos promovendo ataques dentro de seu território. Então, por que expandir a OTAN até as fronteiras da Rússia adicionando membros como Ucrânia e Geórgia? Por que instalar um Escudo antimíssil no Leste Europeu usando antigos satélites russos, Polônia e Republica Tcheca? Ações como essa mostram o quanto os EUA querem o domínio total da Europa sem rivais comerciais e estratégicos. Mesmo a Rússia de hoje sendo uma economia de mercado, os EUA a querem a margem das decisões mundiais.Felizmente o urso russo não hibernou e nos últimos anos vem demonstrando que também pode jogar no cenário internacional. A Rússia herdou da ex-URSS um grande arsenal nuclear que esta sendo atualizado com novos artefatos, entre eles esta o TOPOL M que é o primeiro grande ICBM russo a ter uma boa margem de precisão de acerto, além de ser capaz de furar qualquer sistema de defesa do mundo. Marinha e Força Aérea depois de anos abandonadas estão se reequipando e lançando novos equipamentos que não devem em nada para seus concorrentes ocidentais, como por exemplo o novo submarino nuclear de ataque Borei, projeto 955, primeiro de uma serie de sete submarinos que serão lançados nos próximos anos. A Força Aérea vem constantemente assistindo ao aperfeiçoamento de seu principal vetor de combate o Flanker, e esta anciosa para o lançamento de seu caça de 5º geração o PAKFA. Para questões como a adesão da Geórgia e Ucrânia, Moscou reagiu prometendo fragmentar estes dois países. A recente guerra contra a Geórgia já foi mostra disso, com a Rússia respondendo rápido a uma tentativa da Geórgia de retomar a Ossetia do Sul e em poucos dias o exercito georgiano foi derrotado pelas forças de Moscou. Na Ucrânia esta sediada uma base naval russa, a frota do Mar Negro. Uma parte da Ucrânia, a Criméia, tem uma população que é a favor dos russos e não gostariam de ver em sua base naval navios da OTAN como quer o atual governo da Ucrânia. A Rússia também pode incentivar uma “rebelião” na Criméia e tentar dividir a Ucrânia. Por hora Geórgia e Ucrânia atravessam momentos difíceis com seus governos enfrentando forte oposição e desagrado popular. Talvez a vitoria contra estes dois novos inimigos venha sem a força dos tanques russos.Na questão do Escudo antimíssil ambicionado pelos EUA a Rússia tem uma resposta prontamente notável. Na teoria a Rússia não teria que se preocupar com a capacidade de defesa deste sistema, pois até mesmo os EUA já admitiram que o sistema não pode se defender de um ataque russo. O problema da instalação de tal sistema é a proximidade das fronteiras russas e o fato dele vir acompanhado de outros equipamentos convencionais o que traria a presença efetiva militar da OTAN que incluiria unidades especiais, tanques, possíveis aeronaves. Além do mais, o sistema detector poderia cobrir o território russo aumentando as chances de detecção de um lançamento de ICBM russo em caso de conflito. Para essa ameaça a Rússia tem como resposta a instalação de mísseis numa região conhecida como Kaliningrado que fica entra a Polônia e o sul da Lituânia. Kaliningrado é um enclave russo, ou seja, apesar de estar fora do território russo faz parte da Rússia. Com esta instalação os russos tirariam a vantagem da OTAN, pois o míssel a ser instalado, o Iskander, é difícil de ser interceptado devido as fortes manobras que ele realiza na fase final de vôo e seu alcance de 280km colocaria muitos países da Europa em sério perigo.Os EUA poderiam ter administrado melhor a vitória que o Capitalismo teve sobre o Comunismo, em vez de darem boas vindas à nova Rússia preferiram continuar tratando-a como uma rival. A nova Rússia aceitou a rivalidade e esta medindo esta força como nos velhos tempos.

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