sábado, 14 de novembro de 2009
Ame
Vamos ao texto extraido do livro “Ame e dê Vexame”.
Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco, você levou para conhecer a sua mãe e ela foi de blusa transparente.
Então? Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é viciante e você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. isso tem nome.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai ligar e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado, e ainda assim você não consegue despachá-lo. por que você ama este cara ? não pergunte pra mim.
Você é inteligente. lê livros, revistas, jornais. É bonita, seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. independente, emprego fixo, bom saldo no banco.
com um currículo desses, criatura, por que diabo está sem um amor?
Ah, o amor, essa raposa. quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. não funciona assim. ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não-fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta. O amor não obedece à razão.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Amar não requer conhecimento prévio. Ama-se justamente pelo que o amor tem de indefinível. honestos existem aos milhares, generosos tem às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó.
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é.
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