sábado, 21 de agosto de 2010

O Rei que sonhou com a liberdade: Museu Rei Prajadhipok (1893-1941)

Ao mais novo dos nove filhos nascidos do casamento do Rei Chulalongkorn com a rainha Saovabha não estava destinado o trono. A nova lei siamesa decalcada do princípio sucessório de primogenitura das famílias reais europeias, introduzida pelo seu pai, destinava-lhe um lugar de relevo na governação ou nas forças armadas, mas nunca terá passado pela cabeça do jovem príncipe arcar com a tremenda responsabilidade de vir a ser o monarca de um país em transe de mudanças dramáticas. Nasceu e foi educado como um príncipe de sangue, partiu para Inglaterra onde recebeu a melhor formação em Eton e na academia militar de Woolwich, conviveu com os valores e práticas do vitorianismo e cresceu rodeado de todas as atenções e cuidados. Um jovem de pequena estatura e frágil aparência, semblante tímido, leve sorriso e olhar curioso, desportista entusiasta, leitor infatigável e vida social que deixou sempre entre aqueles que com ele privaram gratas recordações de afabilidade, modéstia e inteligência.






Os seus irmãos mais velhos foram morrendo um após outro. O príncipe Vajirunhis, que estava destinado a cingir a coroa, morreu subitamente em 1895, pelo que coube a um outro irmão, o príncipe Vajiravudh preparar-se para suceder ao pai. Vajiravudh (Rama VI) ascendeu ao trono em 1910 e governou como o último monarca "absoluto" até 1925. Ao morrer, não deixando sucessão masculina, coube a Prajadhipok dar continuidade à dinastia. O novo monarca era, sobretudo, um militar, distribuia o seu tempo entre a fotografia, o golfe e a leitura, vivia longe da política e da administração e consagrava à sua única mulher - foi o primeiro monarca a abolir, de fato, a poligamia - todo o tempo de recreio que sobrava à apertada agenda de obrigações de Estado. Prajadhipok estivera em Lisboa em 1909 a convite da Casa Real Portuguesa e das suas andanças por Lisboa, Cascais e Sintra guardara boas recordações. Ao ascender ao trono, demonstrou sempre grande amizade por Portugal e a vasta correspondência travada com as autoridades portuguesas, bem como a representação consular portuguesa em Banguecoque. Quis sempre inteirar-se da conturbada vida política portuguesa nos anos de ocaso da 1ª República e durante o período da Ditadura Militar. Também visitou o Brasil em 1920, onde teve a oportunidade de conviver e estudar sobre a ditatura militar do Brasil.

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