segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Rio Ganges: O limite da vida para os indianos







O rio Ganges é um dos maiores rios da Ásia. Sua nascente fica no Himalaia, sendo que corre na direção sul através das planícies setentrionais da Índia.

O rio Ganges possui uma extensão de 2.413 quilômetros, recebendo 11 afluentes até sua ligação com o rio Brahmaputra. Ele deságua na baía de Bengala em formato de um enorme delta.

O Ganges é considerado um rio sagrado pelos seguidores do hinduísmo. Muitos hindus tomam banho nas águas deste rio, pois acreditam que ele tem a capacidade de purificação dos pecados.

Este rio também é muito importante para a população que habita suas margens, pois oferece água e alimento (peixes).

No período das chuvas, as enchentes do Ganges atingem mais de 150 km, proporcionando uma benéfica fertilização das margens. Desta forma, favorece a prática da agricultura de trigo, arroz, algodão, açúcar e outros gêneros agrícolas.

Varanasi é uma das cidades mais antigas do mundo. Para os indianos é um prestigio morrer aqui, pois jogar seus restos no Ganges significa o encerramento do ciclo de morte e reencarnação. Para eles, Shiva leva a alma ao nirvana e a pessoa não reencarnará novamente. Aqui é a única cidade da Índia onde se permite cremação por 24 horas (nas demais, só ao nascer e pôr do sol). Eu, David Clemente, presenciei um sepultamento (se é que se chama assim). Eram cerca de dez pessoas, todos homens, mulheres não podem participar. Dois levavam o finado numa maca. Colares de flores estavam por todos os lados. Eles pareciam um time de futebol em treinamento. Seguiam gritando sons repetidos como se fosse grito de torcida. Lá no rio tem lugares específicos para a cremação. A prefeitura até construiu um crematório elétrico, mas não funciona mais e tudo voltou a ser feito a céu aberto. Enquanto os turistas empunhavam suas câmeras, um homem que participava da cremação gritava “Não” na tentativa de impedir que aquilo fosse fotografado.

Nos sete quilômetros de escadarias (ghats) se vê muito mais. Tem gente tomando banho com roupas de baixo ou apenas um pedaço de pano amarrado na genitália, senhoras muito velhas fazendo top less. Tem uns que se ensaboam e os que mergulham demoradamente. Alguns escovam os dentes com um graveto, outros lavam roupas dando marretadas. O pior disso tudo é que a água é imprópria para banho (imagine escovar os dentes e beber?). Os ambulantes vendem garrafas para os que querem levar aquela água santa. O lugar fede muito. A água não é salgada, mas produz densas bolhas que não estouram com facilidade. O livro-guia diz que não há oxigênio no rio, o que impediria qualquer tipo de vida, mas alguns golfinhos teimosos aparecem por lá em alguma época do ano. Numa das plataformas que leva ao rio tem escrito "Ghat is the life-line of indian culture". life-line significa linha da vida, o que eu interpretaria como o limite. "Cada plataforma é o limite da vida para a cultura indiana", entendo eu.


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