terça-feira, 24 de novembro de 2009
"Quem tem americanos como aliados não precisa de inimigos"
A expressão foi atribuída a Madame Ngo Dinh Nhu, cunhada do presidente Diem da República do Vietname [do Sul]. Diem, católico, descendente de uma velha família de mandarins convertida ao catolicismo por padres portugueses, era um homem culto e senhor de grande autoridade e carisma, exigindo dos aliados norte-americanos subordinação às políticas do seu governo. A absoluta convicção que o comunismo só seria derrotado se o Sul se agregasse em torno de uma sólida doutrina, criou crescente inquietação entre os decisores do Pentágono, que queriam um Vietname submisso e dirigido por conselheiros formados nas universidades norte-americanas, seguindo o modelo já aplicado na Coreia do Sul. Ora, como todos os esforços para reduzir o governo de Diem à condição de mero protectorado falharam, iniciou-se persistente campanha de difamação contra a parentela do presidente, acusando-a de nepotismo, favorecimento da Igreja Católica e enriquecimento ilegítimo. Tudo parece não ter passado de uma mentira, pois o perfil de Diem e o tipo de vida austero que levava impugnavam a ideia, bem americana, que o poder pertence por direito aos ricos. O trágico destino da família de Diem parece estar a repetir-se no Afeganistão. As parangonas dos jornais americanos encheram-se de sensacionais revelações sobre o envolvimento de um dos irmãos de Diem no tráfico de ópio, preparando o clima psicológico que desculparia um golpe militar induzido pelos conselheiros militares que Kennedy para o Vietname do Sul enviara. Hoje, o mesmo repete-se contra Karzai.
Em 1963, uma junta militar depunha Diem. No decurso do golpe, o presidente e o seu irmão Ngo Dinh Nhu foram assassinados. Ao saber do golpe, Ho Chi Minh terá dito que não pensara serem os americanos tão desmiolados ao ponto de destruírem o único líder anti-comunista com capacidade de derrotar o Viecong. A vingar a presente campanha contra Karzai, a guerra do Afeganistão repete o desastre do Vietname.
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